domingo, 21 de fevereiro de 2010

Os Padrinhos Normais

Mostra a casa dos Normais, em um belo dia. Um homem aproxima-se da porta de entrada e toca a campainha. Margaret atende.

Margaret: Sim? Ah, se não é Zé do Campo, nosso querido vizinho caipira! A que devo o prazer da sua visita?
Zé do Campo: Margaret! Que bom vê-la! Como você deve saber, minha esposa está grávida e ela acordou hoje com uma vontade de comer banana...você por acaso tem alguma aí?
Margaret: Sua esposa está grávida de novo!! Ela não estava grávida mês passado?
Zé: Sim...mas o bebê ainda não nasceu... isso leva tempo.
Margaret: Bem, pelo que já vi seu filho é lento. Não me surpreenderia se ele fosse retardado. Mas também, tendo vocês como pais, não é tão inesperado assim.
Zé: Ah, Obrigado!
Margaret: Vou pegar a banana, querido.

Margaret volta com a banana na mão.

Margaret: Toma, mas sabe, acho que você não devia dar essa banana ao seu filho. Se você começar a atender tudo o que ele quer nessa idade, ele vai ficar mimado. Você tem que ser forte e autoritário!
Zé: Ah não! Os médicos dizem que crianças criadas por pais autoritários têm mais tendências a problemas obsessivos e a serem violentas.
Margaret: Bem, eu criei meu filho autoritariamente e ele não é nem obsessivo nem violento!

Os dois começam a escutar umas vozes lá de cima da casa.

Robert: Cadê minha boneca Cindy Original?! Quem pegou?! Foi você, né sua garota gorda!
Julieta: Calma pai, não fui eu, não me bate de novo!
Margaret: Viu, ele é normal.
Zé: Sim, bem, tenho que ir... obrigado vizinha!

Anoitece. A casa dos Normais está silenciosa. Zé do Campo correu em direção a ela e toca a campainha. Margaret atende só de roupão.

Margaret: Que é?!
Zé: Margaret! Você precisa me ajudar! Precisa ligar pra uma ambulância! Minha esposa está em trabalho de parto!
Margaret: O que?
Zé: É! A água rompeu! E ela está com dores horríveis! E meu telefone não está funcionando!
Margaret: Ah, pelo amor de Condor, vocês caipiras são burros mesmo! Só porque a mulher se mijou nas calças e está com dor de barriga você acha que ela vai ter bebê! Ela só quer ir ao banheiro.

Os dois ouvem um grande grito ecoando pela vizinhança.

Zé: É minha esposa! Não temos mais tempo! Margaret, você precisa me ajudar a fazer o parto.
Margaret: Eu? Mas eu não faço um parto desde... desde o meu próprio.

Margaret começa a ter um flashback. Ela está em uma cama fria de hospital parindo. Harold está do lado dela.

Margaret: Ah! Esse bebê nem veio ao mundo e já está me causando dor! (Ela pega Harold pela gola e começa a enforcar ele) Você me falou que este bebê só ia me fazer sofrer na adolescência!
Medico: Calma que ele já está quase saindo. (Margaret chuta a cara do medico que cai desmaiado)
Margaret: Medico idiota! Bem, parece que eu vou ter que fazer tudo sozinha.

Ela volta do flashback.

Margaret: Bons tempos aqueles... Harold ainda tinha cabelo e eu não era sexualmente enojada por ele.
Zé: Margaret!
Margaret: Tá bom, eu te ajudo!

Amanhece no dia seguinte. Zé do Campo e sua mulher, Gigi caminham até a casa dos Normais e batem na porta. Margaret atende.

Margaret: Vocês de novo?
Zé: Margaret, nós gostaríamos de agradecer muito pelo que você fez ontem.
Gigi: É. Nunca esqueceremos o sue ato de bondade em dar a luz ao nosso filho. Mas você precisava ficar batendo na minha cara o tempo todo? Achei isso desnecessário.
Margaret: Fiz o que tinha que fazer.
Zé: De qualquer maneira, gostaríamos de chamar você e seu marido para serem padrinhos do nosso bebê.

Harold aparece de repente na porta.

Harold: Eu?
Gigi: Sim. Aceitam?
Margaret: Claro que aceitamos!
Zé: Ótimo! O Batismo é domingo de manhã. Estejam lá... e não esqueçam dos presentes!

Margaret e Harold ficam com uma cara pasma. Depois os dois aparecem no shopping.

Margaret: Desde quando um padrinho precisa dar um presente para o afilhado.
Harold: Também acho isso um absurdo. Nós estamos nos dispondo a cuidar da criança e ainda temos que dar amor a ela! (Os dois começam a ver presentes. Harold pega uma metralhadora.) Que tal isso?
Margaret: Harold! Não seja burro! Aí está falando que é somente para maiores de 6 anos. E além do mais, isso é muito caro. (Margaret pega uma boneca) Que tal isso?
Harold: Mas eu pensei que a criança era um menino.
Margaret: Bem, é, mas hoje em dia você nunca sabe, não é mesmo. E além do mais está bem abaixo do preço normal! Parece que tem um pequeno defeito na voz da boneca. (Margaret puxa uma corda da boneca)
Boneca: VOU TE MATAR SATANÁS!!
Margaret: Não vejo nada de errado
Harold: Nem eu.

Harold e Margaret estão na casa dos Campos. Zé e Gigi estão lá com o bebê.

Margaret: Bem, aqui está o presente.
Zé: Ah! Obrigado (ele abre. Ele e Gigi ficam desapontados)... é um... vale refeição para um almoço no Restaurante de frutos marinhos do Capitão Crabb.
Harold: Pois é...achamos que já que vocês são caipiras e mortos de fome sua criança poderia querer comer alguma coisa eventualmente.
Margaret: E como achamos no chão do shopping foi bem barato.
Gigi: A validade desse vale já acabou.
Margaret: (furiosa) Vocês estão reclamando do nosso presente?!
Zé e Gigi: Não, não, imagina.
Margaret: Ótimo, agora temos que ir.
Harold: Sim, sim, já vimos nosso afilhado e entregamos o presente. Então tchau!
Margaret: Ah, mais uma coisa: Gigi, sua maquiagem faz você parecer uma palhaça-prostituta. Tchau queridos! (Os dois saem da casa)
Harold: A criança é tão fofa, não?
Margaret: Sim, pena que seus pais são uns ignorantes mal-educados.

Fim

Um comentário:

  1. "Eu fiz o que tinha que fazer" e "Palhaça-prostituta" fizeram o meu dia! huahuahuhua

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