domingo, 21 de fevereiro de 2010

Os Padrinhos Normais

Mostra a casa dos Normais, em um belo dia. Um homem aproxima-se da porta de entrada e toca a campainha. Margaret atende.

Margaret: Sim? Ah, se não é Zé do Campo, nosso querido vizinho caipira! A que devo o prazer da sua visita?
Zé do Campo: Margaret! Que bom vê-la! Como você deve saber, minha esposa está grávida e ela acordou hoje com uma vontade de comer banana...você por acaso tem alguma aí?
Margaret: Sua esposa está grávida de novo!! Ela não estava grávida mês passado?
Zé: Sim...mas o bebê ainda não nasceu... isso leva tempo.
Margaret: Bem, pelo que já vi seu filho é lento. Não me surpreenderia se ele fosse retardado. Mas também, tendo vocês como pais, não é tão inesperado assim.
Zé: Ah, Obrigado!
Margaret: Vou pegar a banana, querido.

Margaret volta com a banana na mão.

Margaret: Toma, mas sabe, acho que você não devia dar essa banana ao seu filho. Se você começar a atender tudo o que ele quer nessa idade, ele vai ficar mimado. Você tem que ser forte e autoritário!
Zé: Ah não! Os médicos dizem que crianças criadas por pais autoritários têm mais tendências a problemas obsessivos e a serem violentas.
Margaret: Bem, eu criei meu filho autoritariamente e ele não é nem obsessivo nem violento!

Os dois começam a escutar umas vozes lá de cima da casa.

Robert: Cadê minha boneca Cindy Original?! Quem pegou?! Foi você, né sua garota gorda!
Julieta: Calma pai, não fui eu, não me bate de novo!
Margaret: Viu, ele é normal.
Zé: Sim, bem, tenho que ir... obrigado vizinha!

Anoitece. A casa dos Normais está silenciosa. Zé do Campo correu em direção a ela e toca a campainha. Margaret atende só de roupão.

Margaret: Que é?!
Zé: Margaret! Você precisa me ajudar! Precisa ligar pra uma ambulância! Minha esposa está em trabalho de parto!
Margaret: O que?
Zé: É! A água rompeu! E ela está com dores horríveis! E meu telefone não está funcionando!
Margaret: Ah, pelo amor de Condor, vocês caipiras são burros mesmo! Só porque a mulher se mijou nas calças e está com dor de barriga você acha que ela vai ter bebê! Ela só quer ir ao banheiro.

Os dois ouvem um grande grito ecoando pela vizinhança.

Zé: É minha esposa! Não temos mais tempo! Margaret, você precisa me ajudar a fazer o parto.
Margaret: Eu? Mas eu não faço um parto desde... desde o meu próprio.

Margaret começa a ter um flashback. Ela está em uma cama fria de hospital parindo. Harold está do lado dela.

Margaret: Ah! Esse bebê nem veio ao mundo e já está me causando dor! (Ela pega Harold pela gola e começa a enforcar ele) Você me falou que este bebê só ia me fazer sofrer na adolescência!
Medico: Calma que ele já está quase saindo. (Margaret chuta a cara do medico que cai desmaiado)
Margaret: Medico idiota! Bem, parece que eu vou ter que fazer tudo sozinha.

Ela volta do flashback.

Margaret: Bons tempos aqueles... Harold ainda tinha cabelo e eu não era sexualmente enojada por ele.
Zé: Margaret!
Margaret: Tá bom, eu te ajudo!

Amanhece no dia seguinte. Zé do Campo e sua mulher, Gigi caminham até a casa dos Normais e batem na porta. Margaret atende.

Margaret: Vocês de novo?
Zé: Margaret, nós gostaríamos de agradecer muito pelo que você fez ontem.
Gigi: É. Nunca esqueceremos o sue ato de bondade em dar a luz ao nosso filho. Mas você precisava ficar batendo na minha cara o tempo todo? Achei isso desnecessário.
Margaret: Fiz o que tinha que fazer.
Zé: De qualquer maneira, gostaríamos de chamar você e seu marido para serem padrinhos do nosso bebê.

Harold aparece de repente na porta.

Harold: Eu?
Gigi: Sim. Aceitam?
Margaret: Claro que aceitamos!
Zé: Ótimo! O Batismo é domingo de manhã. Estejam lá... e não esqueçam dos presentes!

Margaret e Harold ficam com uma cara pasma. Depois os dois aparecem no shopping.

Margaret: Desde quando um padrinho precisa dar um presente para o afilhado.
Harold: Também acho isso um absurdo. Nós estamos nos dispondo a cuidar da criança e ainda temos que dar amor a ela! (Os dois começam a ver presentes. Harold pega uma metralhadora.) Que tal isso?
Margaret: Harold! Não seja burro! Aí está falando que é somente para maiores de 6 anos. E além do mais, isso é muito caro. (Margaret pega uma boneca) Que tal isso?
Harold: Mas eu pensei que a criança era um menino.
Margaret: Bem, é, mas hoje em dia você nunca sabe, não é mesmo. E além do mais está bem abaixo do preço normal! Parece que tem um pequeno defeito na voz da boneca. (Margaret puxa uma corda da boneca)
Boneca: VOU TE MATAR SATANÁS!!
Margaret: Não vejo nada de errado
Harold: Nem eu.

Harold e Margaret estão na casa dos Campos. Zé e Gigi estão lá com o bebê.

Margaret: Bem, aqui está o presente.
Zé: Ah! Obrigado (ele abre. Ele e Gigi ficam desapontados)... é um... vale refeição para um almoço no Restaurante de frutos marinhos do Capitão Crabb.
Harold: Pois é...achamos que já que vocês são caipiras e mortos de fome sua criança poderia querer comer alguma coisa eventualmente.
Margaret: E como achamos no chão do shopping foi bem barato.
Gigi: A validade desse vale já acabou.
Margaret: (furiosa) Vocês estão reclamando do nosso presente?!
Zé e Gigi: Não, não, imagina.
Margaret: Ótimo, agora temos que ir.
Harold: Sim, sim, já vimos nosso afilhado e entregamos o presente. Então tchau!
Margaret: Ah, mais uma coisa: Gigi, sua maquiagem faz você parecer uma palhaça-prostituta. Tchau queridos! (Os dois saem da casa)
Harold: A criança é tão fofa, não?
Margaret: Sim, pena que seus pais são uns ignorantes mal-educados.

Fim

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Meus Quadris não mentem

Emily e Margaret estão espiando pela janela, para o outro lado da rua em frente à casa dos Normais. Elas estavam observando uma casa. Julieta entra.

Julieta: O que vocês estão fazendo?
Emily: Shh! Fica quieta! Você vai estragar o momento!
Julieta: Que momento?
Margaret: É que toda semana, neste dia e neste horário, Raulo Guapo, o homem mais bonito e sexy da vizinhança sai de sua casa só de roupão para pegar a correspondência.
Emily: E nós gostamos de vê-lo fazendo isso. Então se você quiser ficar aqui pode, mas se você preferir ser lésbica, usar boné para trás e falar “Mano” então pelo menos não nos perturbe! (Julieta começa a chorar e sai correndo) Eu já sabia que ela não iria querer ver...
Margaret: Por quê?
Emily: Porque minha filha é um poço de decepção para mim. Olhe, a porta dele está se abrindo.

Raulo Guapo sai de casa, só de roupão. Ele começa a andar até a caixa do correio.

Emily: É hoje Margaret! É hoje que eu vou lá fora e vou cumprimentá-lo!
Margaret: Mentirosa! Você fala isso sempre, mas nunca vai.
Emily: Ah é, então veja só.

Emily faz a pose mais sensual que ela consegue e abre a porta. Ela abre um pouco o roupão e começa a se dirigir para a caixa do correio. Raulo percebe sua aproximação.

Emily: (com uma voz áspera e sexy) Bom dia Raulo...
Raulo: Buenos Dias Sra. Normal!
Emily: Ah, por favor, Raulo, somos vizinhos há anos! Me chame de Emily!
Raulo: Muy bien, Emilee!

Emily fica balançada. Robert abre a porta. Ele está gripado, com o nariz escorrendo e com uma aparência horrível.

Robert: Emily, eu não estou muito bem... você viu meu remédio para dor de cabeça?
Emily: (irritada) Está na gaveta! Como todos os outros remédios!
Robert: Não está lá, eu procurei... Raulo, você tem remédio para dor de cabeça?
Raulo: No, no tengo Sr. Normal.
Emily: Viu Robert? Ele não tem! Vai deitar que a gripe passa!
Robert: Eu não estou me sentindo muito bem. (Robert desmaia no jardim. Emily fica parada olhando e sorrindo para Raulo)
Raulo: No és mejor ayudar su esposo?
Emily: Ah, ele está bem!
Robert: Estou morrendo!
Emily: Viu! (Raulo fica olhando para Emily em silencio) Ah, tudo bem, vou chamar uma ambulância! Maldito marido, fica me interrompendo no meu flerte matinal com o vizinho bonitão!

No dia seguinte. Raulo bate na porta dos Normais. Emily atende. Ela está vestindo um roupão.

Emily: Raulo! Um minuto! (Ela fecha a porta. Depois de uns minutos a abre de novo vestindo uma minissaia e uma blusa decotada, estilo estudante japonesa) Sim?
Raulo: Hola Emilee, pasé para ver se su esposo está bien.
Emily: Ah sim, ele está ótimo! Aquele pequeno ataque dele só serviu para estragar minha manhã!
Raulo: Ah sí… bien, tengo que ir… Tengo una clase de danza.
Emily: Ah, você estuda dança?
Raulo: No, soy profesor!
Emily: Sério! Que coincidência! Eu sempre quis ter aula de dança com um professor latino bonitão!
Raulo: Serio? Desde quando?
Emily: Desde que você me falou que era professor! Você tem algum horário para mim?
Raulo: Claro! Yo necesitaba de más alumnas! No tengo muchas!
Emily: Serio!? Não entendo por que!
Raulo: Optimo! Esteja en mi casa a las 4!
Emily: Perfeito!

Às quatro horas. Emily se aproxima da casa de Raulo. Ela está vestida com um mini vestido de tango. Margaret está a seguindo.

Margaret: Por favor, Emily, deixa eu fazer a aula com você!
Emily: Não, essa aula é minha e só minha!
Margaret: Por favor! Você já viu meu marido! Sabe como eu estou necessitada disso!
Emily: Não, Raulo Guapo é meu! (As duas ouvem Harold gritando de dentro da casa)
Harold: Margaret! Cadê você?! Está na hora do meu banho de esponjas!
Margaret: Por favor!! Por favor!! Eu imploro!
Emily: Margaret, seja uma boa esposa enquanto eu fico agarrada com o vizinho latino bonitão!

Margaret respira fundo enquanto volta para sua casa. Emily toca a campainha da casa de Raulo. Ele atende.

Raulo: Ah Emilee! Pontual!
Emily: Sim Raulo, não gostaria de perder um minuto dessa aula!
Raulo: Bueno! Puede entrar! (Emily entra. A casa está escura e apenas velas acesas iluminam o lugar)
Emily: Ah, Raulo! Seu safadinho! Tudo bem, se é assim que você quer brincar, eu sou sua! (Emily se joga nos braços de Raulo)
Raulo: Que bueno Emilee! Un paso muy importante de dançar es entregarse completamente al parceiro!
Emily: Ah, eu estou totalmente entregue!
Raulo: Estoy con falta de luz. Pero no debe ser un problema muy grande.
Emily: Ah não, não é problema nenhum! Acho muito sensual!
Raulo: Si, la dança es una arte muy sensual! (alguém toca a campainha)
Emily: Ah! Quem é o filho da *Ding Dong*
Raulo: Un minuto...

Raulo atende a porta. Robert está lá. Ele está com uma roupa de dançarino de tango.

Robert: Oi Raulo! Estava me sentindo melhor e decidi vir para a aula de dança com minha esposa!
Emily: Como você soube da aula de dança?!
Robert: Minha mãe me contou!
Emily: Aquela velha traiçoeira! Aposto que fez isso só para se vingar de mim!
Raulo: Que bueno! Finalmente tengo un alumno hombre!
Robert: Sim sim...podemos começar?

Mais tarde, após a aula de dança, Emily e Robert saem da casa de Raulo.

Raulo: Até la próxima semana!
Robert: Sim sim, estou animado! Tchau!
Raulo: Adios!
Robert: Gostou da aula, querida?
Emily: (Com cara de mal humorada) Sim... gostei.
Robert: O que foi? Parece aborrecida...
Emily: Robert, acho que não deveríamos mais fazer essa aula de dança juntos...
Robert: O quê! Mas por quê?
Emily: Ah Robert! Quando me casei com você não sabia que teríamos que fazer tudo juntos! Pra mim tem duas coisas que pessoas casadas nunca poderiam fazer juntos: Ir ao banheiro e ter aulas de dança com vizinhos latinos sensuais!
Robert: Então você quer ter aula com ele sozinha?
Emily: Ah, já que você insiste! Tudo bem! É por isso que eu te amo!

Na semana seguinte, Emily está se preparando para ir a sua aula de dança.

Emily: Tchau, estou indo para minha aula de dança!
Robert: Emily, acho melhor você não ter aula com esse cara sozinha.
Emily: Mas por quê!?
Robert: Bem, você é uma mulher bonita, ele é um cara jovem... E se ele tentar te agarrar!
Emily: Tudo bem... mas por quê você não quer que eu vá!
Robert: Bem...
Emily: Olha, amor, eu não tenho tempo para isso... já estou atrasada. Depois da aula a gente conversa! Tchau!

Emily sai. Mais tarde, depois da aula de dança, ela volta para casa com uma cara arrasada.

Robert: Como foi a aula de dança querida?
Emily: Péssima, nunca mais vou ter outra aula com esse cara!
Robert: Por quê?
Emily: Oh, Robert! Ele tentou me agarrar a força! É um cafajeste!
Robert: Eu sabia! Aquele pilantra! Mas ainda bem que você disse não e voltou bem para casa! Eu vou denunciar ele na próxima Associação dos Moradores.
Emily: Não, é melhor não... deixa ele em paz. Não quero prejudicá-lo.
Robert: Você é uma pessoa muito boa. Tudo bem. Agora tenho que ir... tenho um jantar de negócios. Vou tentar voltar cedo. (Ele dá um beijo nela e sai. Margaret que estava vendo tudo escondida aparece)
Margaret: Pensa que me engana? O que realmente aconteceu?
Emily: O idiota me falou que seria antiético se relacionar com uma aluna e não quis nada comigo! Saí da aula naquele minuto!
Margaret: Que babaca! Como se nenhum professor se relacionasse com aluno!
Emily: Eu sei! Não quero vê-lo tão cedo! (Margaret olha pela janela)
Margaret: Ah deus Condor! Ele está sem camisa fazendo abdominais na sala dele!
Emily: O quê!! Sai da frente! Quero ver!

Fim

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Eu e a Senhorita Jones

Emily está se arrumando de frente para um espelho de mão na sala. Ela está retocando a maquiagem. Robert entra. Ele e Emily estão bem arrumados.

Emily: Ai, estou nervosa! Faz muito tempo que não vejo Darlee! Será que ela mudou muito?
Robert: Você a viu ano passado querida. Duvido que ela tenha mudado qualquer coisa. Conhecendo a Darlee é capaz dela ter injetado alguma coisa e estar dez anos mais nova.

Julieta entra.

Julieta: Vamos ter um convidado?
Emily: Não é só um convidado, garota burra! É a convidada! Darlee Jones, você já deve ter ouvido falar.
Julieta: Não, nunca ouvi falar. (Emily fica surpresa)
Emily: Como assim!? Julieta, eu sei que, obviamente, você não liga para moda e beleza, mas mesmo assim! Você nunca ouviu falar de Darlee Jones?
Robert: Ela era uma das melhores amigas da sua mãe quando elas tinham sua idade.
Emily: Ela foi muito mais que isso! Darlee Jones foi considerada uma das maiores estilistas de seu tempo! Seus vestidos custavam milhões!
Robert: Mas Darlee não trabalha mais nas passarelas, certo?
Emily: Sim, ela se aposentou disso. Agora ela é a editora-chefe da maior revista de moda do país, a “Tendência”. Ela é uma mulher extremamente ocupada e por isso mal nos vemos. E ela vai estar aqui hoje!
Julieta: E por que vocês nunca me apresentaram a ela.
Emily: Sabe Julieta, você não é nosso maior orgulho. Darlee é o tipo de pessoa que liga muito para aparência. Se ela te visse ela iria me humilhar pelo resto da vida.
Robert: Por isso nós falamos para ela que você morreu quando caiu no tanque de tubarões.
Emily: E por isso que você vai ter que sair agora, ela já deve estar chegando. Tchau.
Julieta: Mas para onde eu vou?
Emily: Eu não ligo, só dê o fora daqui! (Julieta sai chorando pela porta)

A campainha toca. Emily fica ansiosa.

Emily: Ah deus Condor! Deve ser ela, atende! (Robert atende a porta, Darlee entra e vê Emily. As duas começam a gritar)
Darlee: Ah deus Condor! Emily?! É você mesmo? Você ganhou peso!
Emily: (sorrindo) Oh Darlee e você continua a mesma piranha de sempre.
Darlee: Eu sei! (Percebe Robert) Robert, nossa que mudança! Da ultima vez que nos vimos você era um baixinho babaca idiota.
Robert: Nós nos vimos ano passado.
Darlee: Eu sei, o tempo voa. (Darlee senta) Cadê Éden? Não a vejo a décadas! Por onde ela anda?
Emily: Éden foi para a cadeia, Darlee... lembra? Ela foi presa depois de ter matado seu marido.
Darlee: Ah sim! É verdade! Nunca tive a oportunidade de agradecê-la.
Emily: Mas então, como anda a sua vida?
Darlee: Ah, uma loucura! O trabalho de editora-chefe é muito estressante. É tanto trabalho para fazer. Mas pelo menos eu ganho muito dinheiro, o que me permite morar numa casa gigantesca. Mas eu gostei da sua casa. É tão compacta, dá vontade de guardar no bolso.
Robert: Foi meu pai que sugeriu comprarmos essa casa. Ele sempre diz: “Por que gastar dinheiro com uma casa grande se podemos nos apertar muito bem numa pequena?”

Harold entra com Eric.

Harold: Falavam de mim?
Darlee: Ah, você deve ser o pai do Robert! É um prazer conhecê-lo!
Harold: Igualmente minha bela dama.
Robert: Pai, cadê a mamãe?
Harold: Foi no supermercado.
Robert: Ela não foi ontem?
Harold: Foi, até agora não voltou.
Robert: Hum, bem, a fila deve estar grande.
Darlee: Oi, gente! Podemos voltar a falar de mim?
Emily: Claro! Sabe Darlee, receber você me faz lembrar dos nossos tempos de escola, quando meus sonhos e esperanças não haviam sido destruídos pelo meu casamento e meus dois filhos.
Darlee: Sim, também gosto de relembrar o passado. Sabe Emily, eu não consigo imaginar como é perder um ente querido...
Robert: Mas seu marido morreu.
Darlee: Ah é... bem, como estava falando, eu não consigo imaginar como é perder um ente querido. Deve ter sido arrasador para você a morte de sua filha. Pelas fotos vi que ela era uma garota muito bonita, com um futuro muito promissor.
Eric: A Julieta?! Mas ela não morreu! (Todos olham para ele)
Emily: O pobre garoto... fica vendo o espírito da irmã dele em todo lugar.
Darlee: Ah sim, minha mãe via o espírito do meu pai depois que ele morreu.
Emily: E o que você fez com ela?
Darlee: A tranquei num manicômio até o fim dos dias dela. (Robert traz um café, elas começam a tomar)

Julieta entra na sala. Darlee fica chocada.

Darlee: Emily, não gostaria de deixá-la preocupada, mas acho que um travesti feio acabou de invadir sua casa.
Emily: Ah não! Essa é Mercedes, nossa faxineira.
Darlee: Isso é uma mulher de verdade?! Nossa! Querida, quero você na próxima capa da minha revista!
Julieta: Sério!?
Darlee: Aham! O título vai ser “Não fique triste! Pelo menos você não é assim!”

Julieta começa a chorar e vai para a cozinha. Emily a segue, seguida por Robert.

Emily: Com licença, querida.
Robert: Já voltamos.

Eles estão na cozinha.

Emily: Julieta, eu falei para você ficar longe daqui.
Julieta: Eu sei, mas eu estava sendo perseguida pelo sorveteiro! Ele estava zangado por que eu espantei todas as criançinhas que iam comprar sorvete.
Robert: O sorveteiro está por perto!?
Emily: Julieta, eu não me importo! Se Darlee vir você ela nunca vai me deixar esquecer que você é minha filha! É isso que você quer?! Ver sua mãe humilhada desse jeito?! O que eu fiz para você me odiar tanto!?
Julieta: Desculpe-me mamãe.
Emily: Tudo bem, mas agora vai para seu quarto e não saia de lá.
Robert: Emily, eu acho melhor nós acabarmos com essa mentira e contar logo tudo para Darlee.
Emily: Você acha mesmo? Se contarmos, Darlee pode ficar tão zangada que vai proibir qualquer tipo de propaganda da Cindy de sua revista.
Robert: Julieta, vá para seu quarto e nunca mais saia de lá!
Julieta: Mas pai...
Robert: Agora! (Julieta sai chorando e correndo para seu quarto) Nossa, como essa garota chora!

Enquanto isso, na sala, Darlee Jones, Eric e Harold estão sentados. Harold está dormindo.

Darlee: Então você é o pequeno Eric, certo?
Eric: (tímido) Sim.
Darlee: E você sabe quem eu sou?
Eric: Você é amiga da mamãe.
Darlee: Sim, mas sou muito mais que isso, honey! Sou uma ex-estilista famosa e atual editora-chefe da revista “Tendência”! Você já leu minha revista?
Eric: Não senhora. Eu não leio revistas! Tenho medo que o papel me corte e eu comece a sangrar e morra de hemorragia!
Darlee: Ah... Vejo que a falta de masculinidade é algo comum a todos os homens dessa família!

Emily e Robert voltam à sala.

Emily: Desculpe se minha faxineira a assustou! Ela tem o péssimo habito de fazer isso com todas as nossas visitas.
Darlee: Tudo bem Emily!Até entendo por que você a escolheu para limpar sua casa. Com ela você não precisa se preocupar do seu marido flertando com a faxineira. Na verdade acho difícil qualquer homem flertar com ela.
Robert: É verdade...
Darlee: Com licença todo mundo, tenho que ir ao banheiro... já volto.

Darlee se levanta e vai para o banheiro. Ao chegar lá ela vê a porta fechada e Julieta chorando lá dentro.

Darlee: Mercedes?
Julieta: Hein? Ah sim, sou eu! O que você quer?
Darlee: Bem, eu gostaria de usar o banheiro... mas não posso enquanto você e seu corpo obeso estiverem ocupando todo o espaço...
Julieta: Tudo bem, vou sair. (Ela abre a porta do banheiro e sai)
Darlee: Eu sei que deve ser difícil para você ser uma serviçal mal-remunerada, pobre e, ainda por cima, feia. Mas não se preocupe... as coisas vão melhorar.
Julieta: Serio?
Darlee: (Começa a rir) Não! As coisas só melhoram para gente bonita ou gente rica! Agora com licença! (Emily aparece)
Emily: Darlee, você não pode falar assim com ela! Só eu posso!
Darlee: Calma Emily, só estava brincando com a sua empregada...
Emily: Ela não é minha empregada... (Emily hesita, parece envergonhada e abaixa a cabeça) Ela é minha faxineira!
Darlee: Ah meu bem, é tudo pobre! Agora com licença que preciso ir ao banheiro!
Emily: Ah, que se dane! Ela não é minha serviçal! Ela não se chama Mercedes! Essa é Julieta, minha filha! (Darlee fica chocada, Julieta fica alegre)
Julieta: Ah mãe! Eu também te amo!
Emily: Cala a boca garota!
Darlee: Essa é a pequena Julieta?! Isso é sua filha!?
Emily: Sim, ela é. (Darlee começa a rir muito forte)
Darlee: Agora entendo por que você me falou que ela tinha morrido! Eu também teria vergonha de admitir que essa coisa é relacionada a mim!
Emily: Pára com isso Darlee! Não é minha culpa!
Darlee: Então ela não morreu quando caiu no tanque de tubarões... só ficou incrivelmente deformada!
Emily: Isso mesmo...
Darlee: Ah Emily, você acabou de alegrar meu dia. Nem preciso mais ir ao banheiro, mas preciso tomar um banho agora. É melhor eu ir indo... mas agora nós temos que nos encontrar de novo logo! Eu nem pensava que passar tempo com você era tão divertido!

Darlee vai para a porta de saída.

Darlee: (gritando para a sala) Tchau ralé! Aposto que foi um prazer de vocês me conhecer!
Emily: Tchau Darlee!
Darlee: Tchau Emily! Foi bom revê-la amiga, mas da próxima vez você precisa convidar a Éden!
Emily: Ela está presa.
Darlee: Ah, é mesmo! Bem, Au Revoir!
Julieta: Ela nos mandou ir pra onde?
Emily: Nada, Julieta... seu cérebro é muito pequeno para entender.
Julieta: Mãe, você realmente pensa aquilo que disse? Você realmente me considera sua filha?!
Emily: Calma garota! Uma coisa de cada vez!

Fim